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Emergência climática e consumo

Publicação:

ilustração com figuras humanas e as palavras: opinião, coluna semanal do consumidor, número 82
Opinião 81
Por Diego Ghiringhelli de Azevedo, Coordenador da Escola Superior de Defesa do Consumidor (ESDC/RS)

O relatório recentemente divulgado pelo Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, soou o alerta. A influência das ações humanas no clima, por vezes considerada um alarmismo abstrato ou imaginada em um futuro distante foi, pela primeira vez, quantificada. E mais: o estudo apontou que muitos dos efeitos são irreversíveis, havendo, ainda, tempo para redução dos danos, desde que tomadas providências urgentes.

O desafio proposto passa, necessariamente, pela forma como estamos consumindo, desconsiderando, em uma ponta, a escassez dos recursos, e, na outra, o excesso de resíduos. Alguém certamente dirá - e não sem razão - que ações de consciência individual, como a redução do consumo de energia e da água do banho nas residências, são medidas pouco eficazes comparadas a práticas responsáveis pela quase totalidade dos recursos gastos e da poluição gerada, como o agronegócio e a indústria.

Ocorre que o mercado segue respeitando ao menos uma de suas principais leis. A oferta segue dependendo da demanda. O consumidor, portanto, ao optar por produtos que respeitem o meio ambiente no seu processo de produção, sejam recicláveis, não testados em animais, sem agrotóxicos, que ofereçam condições adequadas de trabalho, acaba por forçar a readequação das práticas por mais e mais empresas. Questão de sobrevivência em um sistema concorrencial.

Não há mais escusas para que esse verdadeiro poder não seja exercido. A informação, em que pese as estratégias publicitárias de desinformação e descrédito a estudos científicos, e as facilidades de circulação nos espaços de poder de que gozam grandes corporações, está, hoje, ao alcance de todos. Separar lixo orgânico do reciclável, optar pela bicicleta ou andar a pé - sempre que possível -, reaproveitar ou trocar produtos, a preferência por compras no comércio local e a atenção aos processos empregados na produção do produto a ser adquirido, são exemplos possíveis de comportamentos a serem incluídos na rotina. Essa mudança nos hábitos de consumo é o movimento inicial de um inevitável efeito dominó. Sejamos parte da solução, não do problema.

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